A Profa. Lígia Adriana Rodrigues é coordenadora do curso de Psicologia do IMES-Catanduva
Catanduva-SP, 18 de janeiro de 2009 – A coordenadora do curso de Psicologia
do IMES-Catanduva, Profa. Lígia Adriana Rodrigues, traça algumas
reflexões sobre a importância da Psicologia na atualidade. De que
forma essa ciência pode ajudar nos problemas cotidianos? Como combater as
ansiedades?
Além desse crescimento interior, Lígia ressalta ainda que o estudo
da Psicologia pode servir como apoio técnico e referência teórica
para profissionais das áreas de educação, saúde,
jurídica, esporte, administrativa (ou organizacional), enriquecendo e
capacitando o profissional em cargos que lidam com pessoas, direta ou indiretamente.
Acompanhe, na íntegra, as palavras da coordenadora do curso de Psicologia:
“Atualmente, vários veículos de comunicação
trazem em seu conteúdo informações sobre doenças
psíquicas, problemas psicológicos, dificuldades da vida moderna.
As formas de relacionamento e projetos pessoais nunca estiveram tão na
moda. Stress, doenças psicossomáticas e qualidade de vida são
termos comumente associados às dificuldades de homens e mulheres aparentemente
em busca de soluções para seus problemas cotidianos.
Como a Psicologia pode dialogar com isso? Promovendo a construção
de lugares para trocas significativas entre as pessoas, para diferentes formas
de encontro, principalmente para o encontro do sujeito consigo. A velha e grande
questão sobre o sentido da vida...
Do que, afinal de contas, você precisa para viver? Precisa tomar medicamentos?
Precisa ir ao médico? Fazer academia? Consultar um vidente? Do que precisamos
para bem viver? Eu penso que precisamos do ar e dos outros, o resto entra naquilo
que pode ser bom, mas nem sempre necessário....
Nos dias de hoje, acreditamos precisar de tantas coisas, na maioria das vezes
efêmeras, e quase sempre não nos damos conta dos motivos de nossas
escolhas, ou pior, do direcionamento de nossas ações. Quantos
se dizem ansiosos, compulsivos, impulsivos? Ora, o mundo lhe pede essa ansiedade!
Como? Compre isso, tenha aquilo, emagreça, não fique parado, conheça
lugares, compre, faça, viaje, aproveite...
Junto a essa avalanche de informações e necessidades apresentadas,
o tempo se esvai na quantidade de trabalho e serviços fundamentais para
a compra dessa paz anunciada. Talvez o consumismo seja isso! Um mundo que faz
com que consumamos mais, enquanto nos consome. O que fica? O desalento, a sensação
de cansaço, a falta imperiosa de tantas coisas que devemos ter, a falta
de algo que nem sabemos o que é...
E me lembro então de Alice (no país da maravilhas...) sem saber
para onde ir, e do gato, sábio, respondendo: “depende, depende
de onde você quer chegar....” E você, sabe aonde quer chegar?
Consegue perceber o sentido de cada escolha? Consegue saborear seus momentos,
suas alegrias, suas tristezas?
Como incluir a Psicologia nessa história? O psicólogo é
alguém que está ali para promover o encontro anteriormente anunciado.
Está presente, faz parte da relação – seja na clínica,
no trabalho, no hospital – e busca transformá-la num espaço
de acolhimento e reflexão. Não tem respostas – no mínimo
não deveria ter – para a história do outro, mas permite
que este possa recontar sua história quantas vezes quiser, de quantas
formas puder, para lhe dar um sentido, ou melhor, construir esse sentido.
Fazer Psicologia é entrar no desafio da desconstrução
do que está pronto e perceber que as transformações ocorrem
todo dia e que o controle que exercemos sobre tudo é a nossa fantasia
desejante de poder. No mundo de hoje, a Psicologia compromete-se com essa busca
constante de qual caminho seguir e com a crença de que, muitas vezes,
é legítimo nos permitir parar e não seguir caminho algum,
apenas digerir, saborear, seja uma dor, uma dúvida ou mesmo um momento
de felicidade.
Como auxiliar os leitores? Sugerindo que possam pensar a vida de outras formas.
E, oferecendo, para encerrar a conversa (ou começá-la), uma frase
do poeta Fernando Pessoa (1896):
‘Tenho uma espécie de dever de sonhar, pois,
não sendo mais,
nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo,
tenho que ter o melhor espetáculo que posso...’”.
Legenda: Profa. Lígia Adriana Rodrigues