Docente fala da Psicologia em nossas vidas

 
     
  12/02/2009

A Profa. Lígia Adriana Rodrigues é coordenadora do curso de Psicologia do IMES-Catanduva

Catanduva-SP, 18 de janeiro de 2009 – A coordenadora do curso de Psicologia do IMES-Catanduva, Profa. Lígia Adriana Rodrigues, traça algumas reflexões sobre a importância da Psicologia na atualidade. De que forma essa ciência pode ajudar nos problemas cotidianos? Como combater as ansiedades?

Além desse crescimento interior, Lígia ressalta ainda que o estudo da Psicologia pode servir como apoio técnico e referência teórica para profissionais das áreas de educação, saúde, jurídica, esporte, administrativa (ou organizacional), enriquecendo e capacitando o profissional em cargos que lidam com pessoas, direta ou indiretamente.

Acompanhe, na íntegra, as palavras da coordenadora do curso de Psicologia:


“Atualmente, vários veículos de comunicação trazem em seu conteúdo informações sobre doenças psíquicas, problemas psicológicos, dificuldades da vida moderna. As formas de relacionamento e projetos pessoais nunca estiveram tão na moda. Stress, doenças psicossomáticas e qualidade de vida são termos comumente associados às dificuldades de homens e mulheres aparentemente em busca de soluções para seus problemas cotidianos.

Como a Psicologia pode dialogar com isso? Promovendo a construção de lugares para trocas significativas entre as pessoas, para diferentes formas de encontro, principalmente para o encontro do sujeito consigo. A velha e grande questão sobre o sentido da vida...

Do que, afinal de contas, você precisa para viver? Precisa tomar medicamentos? Precisa ir ao médico? Fazer academia? Consultar um vidente? Do que precisamos para bem viver? Eu penso que precisamos do ar e dos outros, o resto entra naquilo que pode ser bom, mas nem sempre necessário....

Nos dias de hoje, acreditamos precisar de tantas coisas, na maioria das vezes efêmeras, e quase sempre não nos damos conta dos motivos de nossas escolhas, ou pior, do direcionamento de nossas ações. Quantos se dizem ansiosos, compulsivos, impulsivos? Ora, o mundo lhe pede essa ansiedade! Como? Compre isso, tenha aquilo, emagreça, não fique parado, conheça lugares, compre, faça, viaje, aproveite...

Junto a essa avalanche de informações e necessidades apresentadas, o tempo se esvai na quantidade de trabalho e serviços fundamentais para a compra dessa paz anunciada. Talvez o consumismo seja isso! Um mundo que faz com que consumamos mais, enquanto nos consome. O que fica? O desalento, a sensação de cansaço, a falta imperiosa de tantas coisas que devemos ter, a falta de algo que nem sabemos o que é...

E me lembro então de Alice (no país da maravilhas...) sem saber para onde ir, e do gato, sábio, respondendo: “depende, depende de onde você quer chegar....” E você, sabe aonde quer chegar? Consegue perceber o sentido de cada escolha? Consegue saborear seus momentos, suas alegrias, suas tristezas?

Como incluir a Psicologia nessa história? O psicólogo é alguém que está ali para promover o encontro anteriormente anunciado. Está presente, faz parte da relação – seja na clínica, no trabalho, no hospital – e busca transformá-la num espaço de acolhimento e reflexão. Não tem respostas – no mínimo não deveria ter – para a história do outro, mas permite que este possa recontar sua história quantas vezes quiser, de quantas formas puder, para lhe dar um sentido, ou melhor, construir esse sentido.

Fazer Psicologia é entrar no desafio da desconstrução do que está pronto e perceber que as transformações ocorrem todo dia e que o controle que exercemos sobre tudo é a nossa fantasia desejante de poder. No mundo de hoje, a Psicologia compromete-se com essa busca constante de qual caminho seguir e com a crença de que, muitas vezes, é legítimo nos permitir parar e não seguir caminho algum, apenas digerir, saborear, seja uma dor, uma dúvida ou mesmo um momento de felicidade.

Como auxiliar os leitores? Sugerindo que possam pensar a vida de outras formas. E, oferecendo, para encerrar a conversa (ou começá-la), uma frase do poeta Fernando Pessoa (1896):

‘Tenho uma espécie de dever de sonhar, pois,
não sendo mais,
nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo,
tenho que ter o melhor espetáculo que posso...’”.

Legenda: Profa. Lígia Adriana Rodrigues